Cesta científica #29: a crise nas licenciaturas brasileiras, ilustrações gratuitas de cientistas, colonialismo científico e muito mais

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Nos últimos dias, dois textos apareceram no ccult.org. No primeiro deles, falei sobre a iniciativa do MCTI em distribuir gibis ilustrados pelo Carlos Ruas, autor do “Um Sábado Qualquer”. As HQs ilustram como ocorre o desenvolvimento da ciência sob o ponto de vista da pesquisa científica, das publicações científicas e as formas de trabalho dos cientistas. É uma ótima iniciativa, especialmente para quem deseja apresentar – e discutir – a cultura científica em sala de aula. No segundo texto, a série “Artigos Científicos Históricos” voltou com alguns artigos científicos fundamentais, como a detecção das ondas gravitacionais, a proposição da existência dos buracos negros e a descrição da fissão nuclear. Cada um dos artigos científicos representa um marco no conhecimento científico e podem ser acessados gratuitamente (ufa!). E se você é professor, pense na possibilidade de mostrar um ou mais artigos para os seus alunos.

A crise nas licenciaturas brasileiras

Falando em educação e docência, esta interessante reportagem da Revista Pesquisa Fapesp apresenta o atual quadro do exercício do magistério no Brasil. A falta de professores de algumas disciplinas, a baixa atratividade para a carreira e os problemas estruturais que envolvem a administração escolar e a própria estrutura curricular agravam os problemas que a educação brasileira carrega há muitos e muitos anos.

Uma solução paliativa e de sucesso contestável é a formação massiva utilizando cursos à distância – o famoso EaD. Além de terem duração menor do que o de cursos presenciais (ainda que atendam as diretrizes do MEC para a formação de professores), os cursos enfrentam problemas estruturais em sua concepção e não promovem a troca de conhecimentos. Em alguns casos, a ida para a carreira docente é vista como um “plano B”, uma forma de complementar a renda de profissionais de outras áreas distintas da licenciatura. Um ciclo que é alimentado, entre outra fontes, pelo “positivismo educacional”, termo que é assunto desta excelente coluna do professor Muniz Sodré na Folha de S. Paulo.

Um dos grandes problemas é que a educação é tratada como simples mercadoria. Deste modo, a maximização dos lucros é colocada como prioridade, em detrimento da qualidade dos cursos oferecidos, como aponta o professor Rodrigo Ratier neste texto para o Uol.
Falar sobre a melhoria da educação básica passa por discutir o acesso, a permanência e a qualidade dos cursos de educação superior.

Acervo de imagens de cientistas racializados

Há algum tempo, a questão da representação social de cientistas e pesquisadores é debatida em diversos ambientes acadêmicos. Esta é uma discussão importante: se reduzirmos um cientista ao tradicional estereótipo (homem, cis, branco, com jalecos, solitário e preso a um laboratório), acabamos por não representar adequadamente nem quem é o cientista nem incentivamos a tão necessária diversidade que é fundamental para ampliar os horizontes da ciência. Por isso, a iniciativa do blog “Clorofreela” é tão interessante: disponibilizar uma coleção de imagens de cientistas racializados geradas por IA e com acesso aberto. Para verificar o repositório completo, basta clicar neste link e rolar a página.

Não é só a Via Láctea!

Galáxias são objetos astronômicos fascinantes. E a descoberta de outras galáxias – além da nossa, claro – é relativamente recente: há pouco mais de cem anos, Edwin P. Hubble (o mesmo cujo nome batiza o famoso telescópio espacial) observava a chamada nebulosa Messier 31. Mais tarde, percebeu-se tratar, na verdade, da galáxia de Andrômeda. Não bastasse a descoberta de outra galáxia, a observação de Hubble trouxe outro resultado impactante: as galáxias estavam se afastando umas das outras, em uma expansão acelerada. A observação gerou a icônica imagem onde Hubble escreveu o termo “V.A.R.!” – mais detalhes sobre isso, neste texto aqui.

‘Como aprendi a ensinar como um cientista’

Este ensaio de Sally G. Hoskinspublicado na Science, discute como ela adaptou – e criou – práticas para o ensino de Biologia (no ensino superior, é verdade) que se preocupavam muito mais com a profundidade, isto é, com os métodos e detalhes da pesquisa que geraram tais conhecimentos do que com a amplitude. É uma leitura interessantíssima para a reflexão e aponta caminhos de como podemos desenvolver a cultura científica em sala de aula, mesmo no âmbito da educação básica.

Colonialismo na ciência no podcast ‘Ciência Suja’

O ‘Ciência Suja’, um dos grandes (e bons) podcasts de ciência da podosfera brasileira lançou a quarta temporada com episódios que discutem o colonialismo, racismo científico e a ética na ciência. O primeiro episódio da temporada discute como algumas pesquisas não respeitaram princípios éticos elementares em cobaias humanas negras e indígenas.

Festa do Livro USP

Na última quarta-feira, dia 8, enviei uma edição especial da Cesta Científica (apenas para os assinantes) em que apresentei sugestões de compra de livros na Festa do Livro da USP. O evento vai até o próximo domingo, 12, no campus Butantã, na capital paulista.

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